Este artigo visa fornecer uma visão abrangente sobre os desafios e considerações no manejo da deficiência de testosterona em mulheres, oferecendo uma base informada para a prática clínica.
A deficiência de testosterona em mulheres é um tema emergente na prática clínica, com implicações significativas para a saúde e bem-estar. Embora tradicionalmente associada aos homens, a testosterona desempenha um papel crucial na fisiologia feminina, influenciando libido, energia, massa muscular e densidade óssea. No entanto, o diagnóstico e o tratamento dessa condição em mulheres apresentam desafios únicos.
Desafios no Diagnóstico
Sintomas Não Específicos: Os sintomas de deficiência de testosterona em mulheres, como fadiga, baixa libido, depressão e perda de massa muscular, são inespecíficos e podem ser confundidos com outras condições, como distúrbios da tireoide, menopausa ou depressão.
Falta de Consenso nos Níveis de Referência: Diferentemente dos homens, não há consenso claro sobre os níveis normais de testosterona em mulheres, complicando o diagnóstico. As concentrações de testosterona em mulheres são naturalmente baixas e variam com a idade e o ciclo menstrual, tornando difícil estabelecer um ponto de corte universal.
Métodos de Testagem: A precisão dos testes laboratoriais para medir a testosterona em mulheres é limitada. Muitos ensaios não são suficientemente sensíveis para detectar os baixos níveis de testosterona circulante nas mulheres. As melhores opções para dosagem são a espectrometria de massa para a testosterona total e o método de diálise de equilíbrio para a testosterona livre.
Estigmatização: A percepção cultural de que a testosterona é um hormônio “masculino” pode levar à estigmatização das mulheres com deficiência de testosterona, dissuadindo-as de buscar diagnóstico e tratamento adequados. Ainda hoje, vemos até mesmo médicos que não consideram a reposição de testosterona em suas pacientes.
Formas de Tratamento
Reposição de Testosterona: A terapia de reposição deste hormônio (TRT) pode ser administrada de diferentes maneiras, sendo o gel transdérmico e os implantes subcutâneos as opções mais utilizadas no Brasil. O objetivo é repor de forma fisiológica os níveis de testosterona, aliviando os sintomas associados à sua deficiência.
Modificações no Estilo de Vida: Intervenções não farmacológicas, como exercícios de resistência, dieta equilibrada e manejo do estresse, podem ajudar a melhorar os níveis naturais de testosterona e aliviar sintomas.
Tratamento de Condições Subjacentes: É crucial identificar e tratar quaisquer condições subjacentes que possam estar contribuindo para a deficiência de testosterona, como distúrbios da tireoide.
Evidências e Segurança da Reposição de Testosterona em Mulheres
Eficácia: Estudos demonstram que a TRT pode melhorar significativamente a libido, a energia e o bem-estar em mulheres com deficiência de testosterona. No entanto, a resposta individual ao tratamento pode variar.
Riscos e Efeitos Colaterais: A segurança a longo prazo da TRT em mulheres ainda está sendo investigada. Potenciais efeitos colaterais incluem acne, crescimento de pelos faciais e alterações no perfil lipídico. Embora exista preocupação com o risco de câncer de mama e doenças cardiovasculares, as evidências até o momento não apontam para tal risco.
Monitoramento Clínico: As mulheres em TRT devem ser monitoradas regularmente para avaliar a eficácia do tratamento e identificar quaisquer efeitos adversos. Isso inclui exames de sangue para monitorar os níveis hormonais e avaliações clínicas periódicas.
Conclusão
O diagnóstico e tratamento da deficiência de testosterona em mulheres são complexos e requerem uma abordagem cuidadosa e personalizada. Embora a TRT possa oferecer benefícios significativos, é essencial considerar os potenciais riscos e monitorar cuidadosamente as pacientes. Mais pesquisas são necessárias para esclarecer os níveis de referência, a segurança a longo prazo e a eficácia das intervenções, garantindo que as mulheres recebam o melhor cuidado possível.
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Artigo escrito pelo Diretor Científico da SottoPelle Brasil, Dr. Francisco Tostes.
Referências
- “Hormone Replacement Therapy and the Menopause”
- “Androgens and Androgen Receptor: Mechanisms, Functions, and Clinical Applications”
- Nathorst-Böös, J., et al. (2006). “Quality of Life in Postmenopausal Women on the Long-term Use of Testosterone Therapy: A 5-year Follow-up Study” – Maturitas, 53(3), 253-259.
- Davis, S. R., et al. (2015). “Testosterone for Postmenopausal Women: A Systematic Review and Meta-analysis” – Menopause, 22(8), 872-879.
- Braunstein, G. D. (2007). “Safety of Testosterone Treatment in Postmenopausal Women” – Fertility and Sterility, 88(1), 1-17.