Insônia na Menopausa: Entenda as Causas, Consequências e Como Tratar

A transição menopausal é uma das fases mais desafiadoras na vida da mulher, marcada por profundas mudanças hormonais que afetam diretamente a qualidade de vida. Entre os diversos sintomas, a insônia na menopausa se destaca como uma das queixas mais frequentes e incapacitantes. Estudos apontam que cerca de 50% das mulheres menopausadas enfrentam distúrbios do sono, uma prevalência significativamente maior em relação às mulheres em idade fértil.

Por que a insônia é tão comum na menopausa?

A insônia durante a menopausa possui causas multifatoriais, envolvendo alterações hormonais, fatores psicossociais, envelhecimento e disfunções no eixo circadiano. O modelo dos “3 P’s” da insônia (predisponentes, precipitantes e perpetuantes) se aplica perfeitamente a esse contexto:

  • Predisponentes: histórico de sono ruim, envelhecimento, vulnerabilidade emocional.
  • Precipitantes: alterações hormonais, fogachos, sudorese noturna, dores, transtornos do humor.
  • Perpetuantes: padrões disfuncionais de sono, ansiedade noturna, hipervigilância.

O impacto dos hormônios no sono da mulher

A queda do estrogênio e da progesterona durante a menopausa afeta diretamente a regulação do sono:

  • Estrogênio: reduz a latência do sono e favorece um sono reparador. Sua deficiência está ligada à fragmentação do sono.
  • Progesterona: possui efeito ansiolítico e sedativo. A queda desse hormônio aumenta a ansiedade e a hiperatividade cognitiva.

Melatonina e envelhecimento

A produção de melatonina também diminui com a idade, agravando os distúrbios do sono. Essa redução, combinada às mudanças hormonais sexuais, contribui para quadros de insônia com dificuldade de iniciar e manter o sono.

Fogachos e sudorese noturna

Cerca de 80% das mulheres menopausadas relatam sintomas vasomotores. Esses sintomas comprometem o sono ao provocar despertares abruptos e sono fragmentado, com impacto direto na sensação de descanso ao acordar.

Relação entre insônia e transtornos de humor

A insônia e os transtornos de humor têm relação bidirecional. Mulheres com ansiedade ou depressão têm maior risco de insônia, e a própria insônia pode desencadear ou agravar esses transtornos. Isso cria um ciclo vicioso de pensamentos intrusivos e medo de não conseguir dormir.

Riscos associados à insônia na menopausa

A insônia crônica não é apenas desconfortável. Ela está associada a um maior risco de:

  • Hipertensão
  • Síndrome metabólica
  • Diabetes tipo 2
  • Depressão
  • Declínio cognitivo
  • Demência

Esses efeitos estão relacionados ao aumento de marcadores inflamatórios e à disfunção do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.

Como tratar a insônia na menopausa?

O tratamento deve ser integrativo e baseado em evidências. As principais abordagens incluem:

  • Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia (CBT-I): tratamento de primeira linha, com resultados superiores aos de medicamentos.
  • Terapia Hormonal da Menopausa (THM): reposição de estrogênio e progesterona micronizada pode aliviar fogachos e melhorar a arquitetura do sono.
  • Melatonina de liberação prolongada (2mg): especialmente eficaz para mulheres com mais de 55 anos.
  • Uso criterioso de hipnóticos (classe Z): apenas em curto prazo, devido a riscos de dependência e efeitos adversos em idosas.

Conclusão

A insônia na menopausa é um reflexo de uma desregulação ampla dos eixos hormonal, emocional e circadiano. Para garantir um tratamento eficaz, é essencial uma abordagem personalizada e baseada em ciência. Profissionais que acompanham mulheres nessa fase devem dominar os fundamentos desse quadro para oferecer uma conduta segura, empática e de alto impacto terapêutico.

Elaborado pelo Dr. Francisco Tostes, Diretor Científico da SottoPelle Brasil

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