O Novembro Azul é uma campanha mundial de conscientização focada na importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata. Durante o mês de novembro, a campanha incentiva os homens a cuidarem da saúde e realizarem exames preventivos essenciais.
O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele. No Brasil, a cada 38 minutos um homem perde a vida devido a essa doença. Apesar disso, ainda há grande polêmica sobre se a Terapia de Reposição de Testosterona (TRT) pode ou não aumentar o risco de câncer de próstata. Entretanto, vários estudos já sugerem que essa relação é improvável.
Recentemente, uma pesquisa publicada no prestigiado JAMA examinou em profundidade os efeitos da TRT em relação ao câncer de próstata e outros eventos prostáticos. O estudo, intitulado “Prostate Safety Events During Testosterone Replacement Therapy in Men With Hypogonadism”, foi um ensaio clínico randomizado e duplo-cego com 5.246 participantes. Ele comparou os efeitos da TRT com placebo em homens entre 45 e 80 anos, todos com baixos níveis de testosterona (inferiores a 300 ng/dL). Homens com níveis elevados de PSA (>3,0 ng/mL) ou sintomas urinários graves foram excluídos.
Principais Conclusões do Estudo sobre Testosterona e Saúde Prostática
- Risco de Câncer de Próstata: Não houve diferença significativa na incidência de câncer de próstata entre os grupos TRT e placebo, indicando que a terapia hormonal com testosterona não aumenta o risco de câncer de alto grau.
- Eventos Secundários e Sintomas Urinários: A incidência de retenção urinária aguda, procedimentos para hiperplasia prostática benigna (HPB) e tratamentos para sintomas urinários também não diferiram significativamente entre os grupos. Os níveis de PSA aumentaram levemente no grupo TRT, mas se estabilizaram após 12 meses, sem progressão relevante dos sintomas urinários.
- Monitoramento e Segurança: Este é um dos maiores estudos randomizados sobre TRT e câncer de próstata até hoje. As evidências são robustas e sustentam que a terapia hormonal não aumenta o risco de eventos graves relacionados à próstata em homens criteriosamente selecionados para o tratamento.
Apesar das evidências positivas, o estudo apresenta limitações. Indivíduos com histórico de câncer de próstata e níveis elevados de PSA foram excluídos, e o acompanhamento de 33 meses, embora extenso, ainda pode não ser suficiente para avaliar completamente os efeitos da TRT a longo prazo. Outro fator foi a taxa de descontinuação elevada nos grupos TRT e placebo, devido principalmente à pandemia de COVID-19, que afetou o acompanhamento dos participantes.
Considerações Finais sobre a Terapia Hormonal e o Novembro Azul
Este estudo fortalece a segurança da Terapia de Reposição de Testosterona em homens com hipogonadismo, fornecendo suporte adicional para que médicos e pacientes tomem decisões mais informadas sobre o tratamento. Embora a TRT não pareça aumentar o risco de câncer de próstata, a seleção cuidadosa dos pacientes e o monitoramento contínuo são essenciais para garantir a segurança e a eficácia do tratamento hormonal com testosterona.
Durante o Novembro Azul, além do foco no diagnóstico precoce, a conscientização sobre tratamentos como a TRT e seu impacto na saúde masculina é fundamental para promover uma abordagem mais abrangente e segura para a saúde do homem.
Artigo escrito pelo Diretor Científico da SottoPelle Brasil, Dr. Francisco Tostes.